 O tempo foi tão pouco... e o inevitável aconteceu. Coisa impossível! Dizem que há Deus mas eu duvido. Então agora, se havia alguma réstea de fé, eu já não tenho nenhuma. De tanta vez que defendeu em tribunal, justiça divina não houve no julgamento dele. Numa semana a notícia de uma doneça incurável deixou-nos de rastos e incrédulos. Pobre pai, pobre filho... deixa tanta gente que o amava e admirava. Conhecemo-nos em Dezembro de 2004 e a partir daí criou-se laços de amizade e de grande respeito e admiração. Um homem que idolatrava a sua mulher, amava os seus lindos filhos, colocava a sua família num pedestal inantigível, faleceu tão repentinamente que nem teve tempo de dizer e fazer o que gostaria... Tantos sonhos deitados por terra, para uma alma subir ao céu... Isto é injusto! Éramos colegas de trabalho, todos os dias no mesmo escritório, batalhando para o mesmo fim e que tão bem fazíamos. Fica para trás momentos memoráveis, desde sustos por detrás da porta, esconder a carteira de cigarros, as canetas, as vezes que falávamos em inglês mesmo "arrastado", termos de dizer "Bom Dia" em várias línguas, cada dia uma língua diferente ... enfim, uma data de momentos super divertidos e muito bem passados. Inacreditável... Porquê que me custa acreditar? A dor instala-se e cada vez mais fundo, até doer mais e mais... Parece mentira... numa semana o impossível acontece... Ao longo destes três anos de grande amizade, olhava o Dr. Francisco como um grande homem, falava desde o roto até ao mais bem vestido, do humilde ao mais rico, ao menos instruído ao mais instruído, da mesma forma, sempre com grande simpatia, respeito e cordialidade. Então se o assunto fosse o nosso Nacional, era conversa para uns bons minutos. Aceitava as derrotas como um erro de percurso, mas tinha sempre esperança na próxima vitória. Deviam ver a energia que lhe saltava dos olhos quando ele falava na claque ou no novo estádio... Parece que ainda o vejo a tentar desenhar para me poder explicar como é que o estádio tinha ficado (uma vez que tive 8 meses de baixa... quase sem sair de casa...). Era obra que lhe emocionava e fartava-se de dizer: "A Cátia tem de ir lá cima... vai delirar! Aquilo tá lindo!!! O Cunha e Silva ficou de boca aberta (rindo em tom sarcástico)". Assim que recebia os convites para os jogos, a 1ª distribuição era feita em minha mão, ordenava-me que fosse ver o Nacional com um enorme sorriso nos lábios. Dr. Francisco, obrigada pela força que me deu na altura mais negra da minha vida, obrigada por acreditar e confiar em mim, obrigada por me instruir como profissional e pessoa, obrigada pelos momentos de diversão e companhia. Obrigada por sempre me manter feliz e bem. Ao grande homem, ao grande nacionalista, ao grande pai, ao grande filho, ao grande irmão, ao grande amigo, um breve até já nesse lugar encantado...
O céu ganhou mais uma estrela... e esta vai brilhar muito...!
Um beijo e um enorme abraço à família. |
K471
Compreendo muito bem as tuas palavras; não há muito tempo sucedeu-me o mesmo. E o que aprendi é que temos de seguir em frente com um sorriso porque fomos umas sortudas por nos termos cruzado com pessoas tão especiais!